Hoje sabemos que o Brasil é, de longe, o país mais rico do mundo. Como tão claramente é revelado neste documento guardado nos arquivos da Família Rothschild, o saque das riquezas do Brasil foi e ainda está sendo a principal fonte de riqueza e de poder da Família Rothschild, do distrito financeiro City of London, do próprio Império Britânico e, atualmente, de todo o sistema financeiro trans-nacional. A Nação Brasil e o povo brasileiro precisam despertar a sua memória para a real história do Brasil, de como a história do Brasil foi intencionalmente distorcida para demonizar Portugal e fazer da República Maçônica, a salvadora-da-Pátria... e ter noção do tamanho da riqueza que se encontra debaixo dos seus pés. Depois de lermos o seguinte documento, perguntamo-nos: o Brasil ainda deve alguma coisa à Família Rothschild? Quanto do Brasil pertence à Família Rothschild - incluindo o que está sendo administrado através de insuspeitáveis empresas e representantes financeiros, comerciais e legais da família?
A seguinte tradução contém comentários do tradutor (Daniel Simões) devidamente destacados em itálico, entre parêntesis retos e com fonte mais clara.
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Nathan Mayer Rothschild e o Brasil:
o papel de Samuel Phillips & Co
Roderick J. Barman analisa os altos e baixos do relacionamento de Nathan Mayer Rothschild com seu agente no Rio de Janeiro
Print do documento no site dos Arquivos da Família Rothschild
Em 18 de junho de 1812, JUDITH COHEN, recém-casada com Moses Montefiore, escreveu em seu diário: “Nesta noite também passeamos com minha irmã Hannah Rothschild e encontramos lá Esther e Samuel, que tiveram a gentileza de nos levar para casa em seu coche. O tempo tem estado chuvoso ”. Hannah, Judith e Esther eram todas filhas de Levi Barent Cohen, sobre as quais muito já foi escrito. Mas quem era "Samuel"? A resposta a essa pergunta lança uma luz considerável sobre os vínculos existentes entre Nathan Mayer Rothschild, marido de Hannah, e a comunidade empresarial judaica na Inglaterra e sobre como esses vínculos permitiram que ele estabelecesse conexões comerciais com o Brasil.
Print do vídeo "O início do Sionismo | O Movimento Sionista Internacional" do Canal Daniel Simões no Youtube, onde o Ministro Moshe Montefiore é mencionado.
Até meados do século XVIII, a comunidade judaica na Grã-Bretanha era composta em grande parte por pessoas de origem Sefardita, originárias das terras ao redor do Mediterrâneo. A partir do início da década de 1740, vários milhares de Ashkenazim, nativos da Europa Central e Oriental, chegaram à Grã-Bretanha. Entre esses migrantes - muitos deles pobres e com baixa escolaridade - estava Moshe ben Zanvil Pulvermacher, nascido na cidade de Krotoschin, sudeste de Pozen, depois nomeada Polônia prussiana. Na Inglaterra, onde chegou no início da década de 1760, com cerca de 18 anos, ficou conhecido como Moses Samuel. Ele construiu sua fortuna como comerciante, estabelecendo-se no East End de Londres. Piedoso e respeitável, ele se tornou um dos principais membros da Grande Sinagoga, sendo escolhido como Parnas (Diretor), em 1795. Ele se casou com Esther Phillips e o casal teve cerca de 10 filhos.
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Pequena Tabela Cronológica não incluída no texto traduzido
1694, 27 de julho
Banco da Inglaterra (BI) | Fundação | O Banco da Inglaterra começa como um banco privado dos Rothschild que atua como banqueiro do Governo, principalmente para financiar o esforço de guerra contra a França. O rei e a rainha, William e Mary, são dois dos acionistas originais. A Carta Régia original, assinada pelo rei Guilherme III, explica que o Banco é fundado para "promover o bem público e o benefício do nosso povo".
1697-1701
1ª Corrida ao ouro dos tempos modernos começa com a mineração de Ouro no Brasil | Início | A 1ª corrida do ouro leva ouro do Brasil para Londres, parcialmente transportado em navios pertencentes à Companhia das Índias Orientais. Esse ingresso de ouro levou à demanda por um cofre em Londres construído para esse fim, estabelecido pelo Banco da Inglaterra.
1703, 27 de Dezembro
Tratado de Methuen, ou Tratado de Panos e Vinhos | Tratado comercial (1703-1836) entre Portugal e a Inglaterra, onde aquele compraria tapeçarias desta e esta compraria vinhos daquele. A diferença de quantidade de produtos exportados – muito mais tecido era comprado por Portugal do que vinhos pela Inglaterra - fez com que Portugal entrasse numa crise imensa, gerando até fome. A única forma de pagar foi com o ouro vindo do Brasil, fazendo da Inglaterra o maior beneficiado com tal tratado e tornando Londres o novo centro financeiro europeu.
O filho mais velho foi Samuel Moses Samuel, o 'Samuel' que foi casado com Esther Cohen. Samuel e seus 4 irmãos parecem ter se tornado comerciantes, a princípio, em parceria com o pai. Em 1805, o Diretório de Correios de Londres registra a empresa "Moses Samuel and Sons" no n° 1 Hammet Street, em Minories, Tower Hill. A posição da família foi atestada pelo casamento em 1802 de Hannah Samuel com Solomon Cohen, filho mais velho de Levi Barent Cohen e pelo casamento de Samuel Moses Samuel com Esther Cohen em 1803. Quando Moses Samuel se aposentou dos negócios e se estabeleceu em Bath, seus filhos continuaram a empresa como "Samuel Brothers, African Merchants" no n° 1 Hammet Street. No entanto, S. M. Samuel também dirigiu seu próprio negócio. Em fevereiro de 1812, ele forneceu a seu cunhado Nathan Mayer Rothschild, 261/2 dúzias de Vinho do Porto [vinho português, da cidade com o mesmo nome] vintage de 1804, 10 dúzias de Vinho da Madeira [vinho português, da Ilha da Madeira] maduro, um barril de Vinho da Madeira, um berço de criança, uma “Bíblia e Profecias com Anotações e Comentários” encadernada em 13 volumes e um “Conjunto Completo de Orações do Festival”. A conta desses itens heterogêneos chegou a £ 245 - 5s - 4d.
Vinho Madeira do século XVIII descoberto atrás de uma parede | Adega secreta descoberta em museu dos EUA. Parede falsa protegeu garrafas e garrafões durante a Lei Seca. Espólio pode valer 2,5 milhões e receita será usada para melhorar acessibilidades do museu.
O [vinho do] Porto e o [vinho da] Madeira que S. M. Samuel vendeu a Nathan Rothschild indicam que ele e a empresa de Samuel Bros estavam negociando com Portugal e suas colônias [o arquipélago da Madeira eram colônias de Portugal. Hoje são Regiões Autônomas ainda pertencentes a Portugal]. Foi precisamente essa conexão e a vontade de explorar novas oportunidades de negócios que explicam a criação da nova empresa da Samuel & Phillips. No final de 1807, os exércitos franceses invadiram Portugal, até então neutros nas guerras napoleônicas. Em vez de tentar resistir à invasão, a família real portuguesa, a corte e o governo embarcaram em uma frota no porto de Lisboa e cruzaram o Atlântico até o Rio de Janeiro, que se tornou a capital do Império Português. O Brasil deixou de ser uma colônia [o Brasil nunca foi colônia de Portugal: esta deficiente percepção histórica é iniciada pela Maçonaria desde, pelo menos, a Declaração da Independência do Brasil, em 1822] e seus portos foram abertos para comercializar com Estados amigos, sobretudo com a Grã-Bretanha. Entre os comerciantes ingleses que se estabeleceram no Rio de Janeiro em 1808 estavam Denis (David) Moses Samuel, irmão mais novo de S.M. Samuel e Alfred (Abraham) Phillips, sobrinho de Esther Phillips Samuel.
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Pequena Tabela Cronológica não incluída no texto traduzido
1797
França declara guerra à Grã-Bretanha | Quando uma pequena força francesa desembarcou na Grã-Bretanha continental, os temores de invasão se espalharam rapidamente.
1806
O primeiro cliente de Rothschild: o Príncipe-Eleitor de Hesse Cassel | Napoleão invade Hesse em resposta ao apoio de Guilherme IX à Prússia. No avanço do exército de Napoleão, Guilherme IX é forçado a se exilar no Ducado de Holstein. O dilema de como ocultar seus cofres das forças de ocupação é resolvido por Carl Friedrich Buderus (1759-1819), seu consultor financeiro, que recomenda que todas as suas ações sejam confiadas à Casa de Rothschild porque estariam em melhor posição para proteger seus fundos. Assim, o Prícipe-Eleitor confia parte de sua vasta fortuna a Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 – Casa De Frankfurt) por segurança. Mayer redireciona este valor para seu filho, Nathan, em Londres e este investe £ 550.000 dos fundos do Wilhem IX em títulos e ouro do governo britânico. Esses investimentos revelam-se extremamente lucrativos e, quando Wilhem IX volta do exílio, os Rothschild já haviam acumulado consideráveis interesses. A reputação dos Rothschild de confiabilidade e gestão financeira astuta fica firmemente estabelecida.
1807
Casa Rothschild de Frankfurt trata de grande parte das extensas transações financeiras de Wilhem IX | Devido à influência de Buderus, - e até a expulsão do exército francês do eleitorado de Hesse em 1813 - Buderus, em nome de Wilhem IX, utiliza os serviços dos Rothschild para realizar discretamente transações financeiras em toda a Europa. Nestes primeiros anos do século XIX, Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 – Casa De Frankfurt) consolida sua posição como principal banqueiro internacional para Wilhelm IX e começa a emitir seus próprios empréstimos internacionais, emprestando capital ao Landgrave. Ele também lucra com a importação de mercadorias, contornando o bloqueio continental de Napoleão. Como resultado dessas negociações, Mayer Amschel acumula uma fortuna considerável.
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Nathan Mayer Rothschild, 1853
A empresa criada por 2 jovens (Denis Samuel com 24 anos em 1808) prosperou. Em 1812, seus negócios eram tão consideráveis que exigiam a presença no Rio de um 3° irmão, James Samuel. Em 21 de Setembro, James escreveu de Portsmouth para Nathan Mayer Rothschild. Reconhecendo o recebimento de uma carta endereçada a Samuel & Phillips, ele observou: “Ficarei feliz no prazer de vê-lo antes da minha partida, com espera diária, com os melhores votos à Srª R, a você e à família.” De fato, os negócios entre Rothschild e Samuel & Phillips já estavam em andamento. No início de outubro, a empresa do Rio comprou 133 "portos” [vinho do Porto], moedas de ouro, no valor de £ 303, despachadas para Londres em uma lata [feita] de lata “pela Acct & Risk of N M. Rothschild”. No final de dezembro, Samuel & Phillips despacharam 19 barras de ouro, no valor de £ 1525. Foi nessa época que Rothschild começou a fornecer dinheiro para os exércitos britânicos no continente. O Brasil, com suas minas de ouro, era uma boa fonte para a espécie de que precisava. Para pagar as remessas feitas por Samuel & Phillips, Rothschild enviou às firmas letras de câmbio sacadas dos comerciantes britânicos e portugueses no Rio de Janeiro. Cada transação foi separada e com liquidação automática.
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Pequena Tabela Cronológica não incluída no texto traduzido
1809
Rothschild fazem o primeiro negócio em lingotes de ouro | A Casa de Londres negocia com a Braunsberg & Co. de Amsterdã e Flushing, iniciando, assim, os trabalhos com ouro - comércio, refino e mineração de ouro, estendendo-se por quase 200 anos.
1814
Rothschild fornecem ouro para o Duque de Wellington, opositor de Napoleão Bonaparte | Nos anos finais das Guerras Napoleônicas, o Duque Wellington avança para o norte através da Espanha e empurra os franceses de volta aos Pireneus, mas precisa desesperadamente de dinheiro para pagar suas tropas. Os irmãos Rothschild estão espalhados pela Europa e Nathan Rothschild, que ainda é um recém-chegado ao banco britânico, é contratado pelo Governo de Inglaterra para fornecer ao Duque Wellington os fundos necessários e junto com seus irmãos, montar uma rede de agentes para comprar moedas e transferi-las para Wellington na forma de moeda local. A empresa de NM Rothschild & Sons é abordada, acredita-se, porque o Governo já havia falhado em estabelecer uma rede semelhante e havia sido derrubado por outras firmas londrinas mais estabelecidas. A pressão estava nos Rothschilds para ter sucesso. Nathan entende que o sucesso nesse negócio pode levar, no futuro, a novas comissões importantes da Grã-Bretanha e seus aliados. Os irmãos Rothschild desenvolvem, então, uma rede incomparável de rotas secretas e correios rápidos. Em um pós-escrito de uma carta de um mensageiro de Rothschild, John Roworth: “Sou informado pelo Commissary White que você fez bem pela informação adiantada que você teve da Vitória ganhou em Waterloo”. O correio e a rede de comunicações Rothschild ganham uma reputação justificável de velocidade e confiabilidade. A comissão de Waterloo sublinha o sucesso de uma empresa baseada em fortes laços familiares e uma rede de comunicações insuperável.
1815
Notícias da vitória inglesa em Waterloo chegam a New Court, City of London | "O melhor negócio que já fiz"- diz o próprio Nathan. O The Times (Dezembro de 1823) relata: "O Sr. Rothschild desempenhou um papel tão importante na história da geração atual que é muito provável que nunca venha a ser esquecido”. Nos últimos anos do Séc. XIX, alguns comentaristas até acreditam que Nathan Rothschild fez uma fortuna após Waterloo, agindo de acordo com seu conhecimento inicial da vitória e comprando no mercado com o conhecimento certo de que os estoques subiriam quando a vitória fosse confirmada. Alguns escritores declaram que Nathan estava realmente presente em Waterloo e pessoalmente havia trazido de volta as primeiras notícias da vitória, montando uma sucessão de cavalos pela Europa e cruzando o Canal da Mancha na calada da noite. Uma análise cuidadosa das finanças de Rothschild prova que esse não é o caso. Um milhão fora de Waterloo? Embora seja virtualmente parte da história inglesa que Nathan Mayer Rothschild (1777-1836 – Casa de Londres) tenha feito 'um milhão' ou 'milhões' de suas primeiras informações sobre a Batalha de Waterloo, a evidência é pequena: pouco mais, na verdade, do que a carta de Roworth para Nathan “ter feito bem”, reforçada por uma lenda persistente. Na ausência de registros contemporâneos no New Court, é impossível estimar o tamanho de seu ganho. Mas, conhecendo a estrutura do mercado, podemos concluir que, por mais que Nathan tenha saído de Waterloo, deve ter sido muito menos que um milhão de libras, quanto mais milhões. O impacto de Waterloo para os Rothschild. Para Wellington, Waterloo foi o culminar de uma longa campanha contra Napoleão: “Difícil de bater nisso, senhores. Vamos ver quem vai bater mais tempo” - foi a sua previsão para a batalha. Para Nathan Rothschild, cujos irmãos o viam como seu general comandante em sua própria campanha paralela durante as Guerras Napoleônicas, Waterloo sublinhou o sucesso de um plano de negócios construído com fortes laços familiares e uma rede de comunicações insuperável. “Eu, que o conheço tão bem e que no cumprimento de meu dever público recebi tanta ajuda dele, posso seguramente dizer que ele foi o mais capaz, hábil, correto e liberal em todo o curso de seu emprego como um todo agente do estado” - uma apreciação de John Herries (Comissário-chefe britânico na época de Waterloo) em relação a Nathan Rothschild.
1815 - 1835
Nathan Mayer Rothschild (1777-1836 – Casa de Londres) | NM Rothschild & Sons emite 26 empréstimos governamentais britânicos e estrangeiros
1818
NM Rothschild & Sons faz 1° grande negócio de empréstimos com 5% de empréstimo ao Governo Prussiano | Considerado por muitos como o verdadeiro precursor do empréstimo público que transformou o mercado internacional de capitais no Séc. XIX. Embora os cinco filhos de Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 – Casa De Frankfurt) tivessem arranjado muitos empréstimos para governos soberanos antes de 1818, a emissão de bônus prussiana de 5% de £ 5.000.000 foi a primeira de muitas emissões de títulos do governo seguindo esse modelo, que eram a base dos negócios da NM Rothschild & Sons em Londres até à 2ª Guerra Mundial e uma característica significativa dos negócios das outras casas bancárias de Rothschild em Paris, Frankfurt, Viena e Nápoles.
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Em meados de 1815, Samuel e Phillips haviam se tornado o agente correspondente de Rothschild no Brasil, mantendo uma conta permanente para transações entre a empresa e Rothschild, uma conta equilibrada no final do calendário anual. A partir da correspondência sobrevivente, fica claro que Denis Samuel era a figura dominante na empresa. Ele não tinha muita cultura, ou educação: seu estilo de escrita e ortografia eram erráticos na melhor das hipóteses, mas era enérgico, perspicaz e sem muito escrúpulo. Ele cultivou contatos estreitos com funcionários do governo do Rio, particularmente os do Tesouro, mantendo a casa aberta para eles e silenciosamente[??] proporcionando-lhes uma parcela dos lucros. Em fevereiro de 1816, Denis Samuel comentou com Nathan Mayer sobre “Os nossos Negócios do Governo, que em grande parte estão em nossas mãos". 2 meses depois, ele enviou a Rothschild uma letra de câmbio escrita pelo Tesouro Português a £ 701/2d por Mil Réis, £ 31/2d acima da taxa de câmbio vigente, obtendo um "ganho total a 5%".
Uma fatura para caixas de moedas de ouro ('Ports') enviadas do Brasil para a Inglaterra por Samuel & Phillips no paquete Diana, 1815
Nas negociações com Rothschild, Samuel & Phillips era respeitosos e obedientes. A empresa sempre foi "gratificada" e "honrada" por receber as cartas de Nathan Mayer e cumprir seus pedidos. "A maneira bonita de oferecer espontaneamente sua garantia colossal de nossa empresa está indelevelmente marcada em nossa mente." A empresa sofreu as repreensões de Rothschild humildemente, sempre cedendo aos seus desejos. Ao mesmo tempo, tentava constantemente obter informações privilegiadas de Rothschild e aumentar seus favores. O relacionamento comercial era aquele em que a Samuel & Phillips enviava espécie e pó de ouro e colecionava contas escritas no Rio que Rothschild havia descontado, remetendo os lucros sob a forma de boas contas para a Inglaterra. O negócio era mutuamente lucrativo e cresceu em tamanho e intensidade na década após 1815.
Em meados de 1818, Alfred Phillips voltou para casa na Inglaterra, onde se casou com sua prima Rebecca, uma das filhas de Moses Samuel. Ele levou consigo a empresa Samuel & Phillips, que conduzia negócios no n° 8 South Street, Finsbury. No Rio, foi criada uma nova empresa, Samuel Phillips & Co., com James Samuel sendo admitido como sócio. (Essa mudança tem sido compreensivelmente motivo de muita confusão, não apenas para os historiadores, mas também para os contemporâneos, principalmente porque o "Samuel" em "Samuel Phillips & Co." era e é frequentemente considerado como um primeiro nome). A mudança posterior ocorreu em junho de 1820, quando Joshua Samuel, mais um dos irmãos, chegou ao Rio para trabalhar na Samuel Phillips & Co. Uma carta pessoal que ele enviou a Nathan Mayer Rothschild esclarece a estreita relação existente entre os dois homens. "Com os melhores cumprimentos à Srª Rothschild, a você e à família em que imploro incluir a respeitável família dos Montefiores [Judith e Moisés] e o círculo em volta da sua hospitaleira mesa". Em outra carta pessoal de 29 de janeiro de 1821, anunciando que a falta de saúde tornava necessária a volta de seu irmão James à Inglaterra, Joshua Samuel se referiu às “amáveis damas”, palavras escritas discretamente em Judendeutsch (alemão em caracteres hebraicos), que “deverão ser apenas encontradas no nome”, no Rio. Joshua entendeu o temperamento de Nathan Mayer Rothschild, como mostra uma observação em uma carta de 19 de outubro de 1822: “Nosso Sr. Josh Samuel nos diz que o Sr. Rothschild estava em um de seus melhores e alegres humor quando ditou seu memorando no Prem das Contas da Bahia”.
O cunhado de Rothschild, Samuel Moses Samuel, nunca foi, ao que parece, um parceiro da Samuel & Phillips de Londres ou da Samuel Phillips & Co. do Rio, mas as duas firmas mantinham laços estreitos com ele tanto como indivíduo quanto como como sócio sênior na empresa de Samuel Brothers. Em 1820, quando a empresa do Rio elaborou uma letra de câmbio em favor do governo português por £ 14.500 na Samuel & Phillips em Londres, especificou S. M. Samuel como pagador "em caso de ausência". [Nota de Roderick J. Barman: "Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisbon, Portugal, Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Caixa 173, n° 66, Viscount of São Lourenço to Samuel Phillips & Co., Rio de Janeiro, 3 February 1821]
Os eventos no Brasil durante a década de 1820 favoreceram a empresa de Samuel Phillips & Co., fazendo com que ela prosperasse como nunca antes. Quando o Rei de Portugal foi forçado a retornar a Lisboa, em 1821, após uma ausência de 14 anos, deixou para trás seu filho mais velho, Pedro, como Regente do Brasil. Temores crescentes de que Portugal tentaria tornar o Brasil mais uma vez uma colônia levaram a uma declaração de independência no final de 1822, com o Príncipe Regente tornando-se Imperador Pedro I. Samuel Phillips & Co. mantinha estreitas relações pessoais com a família imperial [maçônica] e com o novo gabinete de ministros da Nação. No início de 1824, Woodbine Parish, o primeiro enviado britânico à Argentina, chegou ao Rio de Janeiro a caminho de Buenos Aires e a empresa relatou a Nathan Mayer Rothschild: “O Sr. Parish entregou-nos também suas gentis apresentações e lhe oferecemos nossos Serviços e mesa, com convite para encontrar o ministro de Estado com alguns de nossos amigos em particular.”
As finanças do novo Império estavam, na melhor das hipóteses, instáveis e Samuel Phillips & Co. mostraram-se ansiosos por obter lucro com esse embaraço. Já em Outubro de 1820, a empresa havia sugerido a Rothschild o arranjo de um empréstimo ao Governo com juros de 9 a 12%. “Não devemos hesitar em tomar uma grande fatia [sic]. Seus sentimentos nos obrigariam muito a esse assunto." Eles renovaram suas urgências sobre o assunto em Março e em Agosto de 1821. Mas Nathan Mayer recusou-se a morder [a isca], como a empresa reconheceu em Março de 1822. “Anotamos o fato de você recusar qualquer parte de um empréstimo, caso façamos esse contrato! Você certamente deve ser o juiz mais capaz sobre esse assunto. Tudo o que temos de lhe garantir é que, se isso for efetuado por nós, as bases serão sólidas e, quão longe a visão humana possa ver, o pagamento garantido pelas receitas de nossa residência de 15 anos, nos fez iguais para selecionar.”
O 1° empréstimo ao Governo brasileiro não foi, de fato, lançado no mercado de Londres até o início de 1824. Samuel Phillips & Co. sabia exatamente o que então transpirou, como mostra a carta da empresa de 18 de Novembro: “O empréstimo foi concedido por 1 milhão a 75% e tendo sido com um desconto de 3%, é muito apreciado aqui; os empreiteiros tomando a opção dentro de 4 meses de levar [um] milhão a mais [a] 83% e 4 meses após esse período, o milhão restante [a] 87% mas como é mais provável que eles não cumpram a primeira parte deste contrato, ele será anulado e, nesse caso, talvez você possa ser induzido a fazer um acordo com Brant & Gameiro (os enviados brasileiros em Londres) para recuperar seu crédito e o [crédito] de seu Governo, contratando para o restante". Em Janeiro de 1825, Nathan Mayer entrou na brecha e não teve dificuldade em vender a segunda colocação de £ 2 milhões. Rothschild passou, efetivamente, a ser o agente do Governo brasileiro, pagando os dividendos semestrais dos empréstimos e atuando como banqueiro do enviado brasileiro em Londres.
Como o Governo brasileiro havia levantado o empréstimo de 1825 - em parte para quitar suas dívidas no Brasil - precisou recorrer ao capital de Rothschild. Como Samuel Phillips & Co. relatou em Março de 1825: "É muito provável que os Saques do Governo em seu próprio bem, possam passar por nossas mãos". De fato, de Março a Agosto de 1825, a empresa forneceu ao Governo mais de £ 200.000, sendo reembolsada principalmente por letras de câmbio sacadas pelo Tesouro Brasileiro em Rothschild. O tamanho dessas transações atesta os recursos e a posição de Samuel Phillips & Co.
O ano de 1825 viu uma mudança na administração da empresa no Brasil. Denis Moses Samuel, que estava doente, retornou à Inglaterra no paquete de Abril. Em Londres, ele assumiu a direção de Samuel & Phillips. Para ajudar Joshua Samuel e seu irmão James (retornou ao Rio com a saúde restaurada no início de 1824), veio ao Brasil John Samuel, filho de Phineas Moses Samuel, outro dos irmãos. John Samuel era muito jovem e só começou a trabalhar como balconista de cópias confidenciais em Julho de 1826.
Ao tempo do seu retorno a Londres, Denis Moses Samuel era um homem rico. Ele se estabeleceu em Hanover Terrace, projetado por John Nash, no lado oeste do Regent's Park. Ainda mais bem-sucedido foi Samuel Moses Samuel, que no início da década de 1820 havia transferido seu escritório para a Corte de Freeman, Cornhill, pela Royal Exchange e muito perto de New Court [Sede do Banco NM Rothschild & Sons]. S. M. Samuel comprou por volta dessa época o n° 29 Park Crescent, projetado por John Nash, que ainda está de pé, de frente para Marylebone Road e Regent's Park. No diretório da corte de Boyle de 1829, os dois irmãos tinham o título "Esq" [Escudeiro]. Contribuindo para esse novo status social estavam os estreitos laços entre Nathan Mayer Rothschild e S. M. Samuel. Em Novembro de 1826, Samuel Phillips & Co. escreveu do Rio: “Temos que agradecer pela comunicação do casamento pretendido da filha de nosso irmão SM Samuel, Henrietta, ao Sr. Worms e espero que todo o bem possa atendê-los, assim como a você e à estimada família". Solomon Benedict Worms, filho da irmã de Nathan Mayer, Jeannette, havia sido trazido para a Inglaterra e educado lá por seu tio. O casamento ocorreu em Julho de 1827. 7 anos depois, em Dezembro de 1834, Denis Moses Samuel, então com 50 anos, casou-se com sua sobrinha Amelia, a caçula das 3 filhas de S.M. Samuel.
As cartas que Samuel Phillips & Co. enviaram a Nathan Mayer Rothschild no final da década de 1820, sugerem uma mudança sutil no relacionamento. As informações fornecidas são bastante esparsas e resumidas e o tom adotado é muito mais igual. A empresa no Rio estava tomando agora, é justo deduzir, tanto ou mais atenção às suas transações financeiras e comerciais com a Samuel & Phillips. Em 1826, a tentativa da firma do Rio de obter 3/4 do lucro de uma letra de câmbio de £ 10.000 sacada em Rothschild pelo enviado inglês ao Brasil desagradou tanto Nathan Mayer que ele observou em sua carta: “Não posso permitir isso, devo ter o montante total". Ele se recusou a aceitar a conta do enviado até que Samuel & Phillips a endossasse a ele. As circunstâncias alteradas talvez expliquem por que, no final de 1829, Rothschild escolheu como seu segundo agente correspondente no Rio de Janeiro, Leuzinger & Co., uma filial de uma empresa estabelecida com o mesmo nome em Paris. A Leuzinger & Co. não era apenas tão respeitosa em suas cartas quanto Nathan Mayer poderia desejar, mas fornecia a ele, todos os meses, informações abundantes sobre a situação financeira, comercial e política no Brasil.
O elemento de tensão existente no relacionamento entre Samuel Phillips & Co. no Rio e Rothschild ajuda a explicar a série de eventos que levaram, no final de 1831, a Samuel & Phillips, substituindo Nathan Mayer Rothschild como o agente financeiro do Governo brasileiro em Londres. No final da década de 1820, a situação financeira do Império do Brasil ficou cada vez mais instável. Sentiu grande dificuldade em encontrar os fundos necessários para cobrir os dividendos pagáveis em 1 de Abril e 1 de Outubro em seus empréstimos em libras esterlinas. Em mais de uma ocasião, Rothschild fez o montante necessário a partir dos seus próprios recursos e se acostumou a desafiar os Conselhos do Tesouro nos portos fora do Rio de Janeiro por suas contribuições alocadas aos pagamentos de dividendos. Ele parece ter ensinado o Governo Imperial sobre seus deveres e reprovando-o por não cumpri-los. Em Maio de 1829, Samuel Phillips & Co. relatou “a sugestão que fizemos ao Ministro das Finanças, do que você teve o prazer de declarar ao nosso Sr. Denis Samuel na partida de Packet em 7 de Março 'isso mas para sua informação sobre o estado deste país, você não pagaria dividendos no dia 1º de Abril passado' e esperamos que nada tenha ocorrido na partida de Packet no dia 27 para alterar sua determinação”.
Em Abril de 1831, uma crise política forçou Pedro I a abdicar. Ele navegou para a Europa, deixando como imperador seu filho, então com 5 anos. Os opositores políticos de Pedro I assumiram o controle do Governo. A Samuel Phillips & Co. lucrou com essa mudança. Não apenas o imperador que partiu deu à firma sua procuração para administrar seus assuntos financeiros e pessoais no Brasil, mas a firma, tendo feito muitos favores aos políticos agora no cargo, possuía acesso aberto a eles. O político mais capaz e forte foi Diogo Pereira de Vasconcelos, nomeado Ministro das Finanças em Julho de 1831. Vasconcelos estava determinado a garantir que as finanças do Brasil fossem dali em diante administradas adequadamente e que fundos suficientes sempre estivessem depositados em Londres bem antes da data de vencimento para o pagamento de dividendos. Ele assim informou Rothschild e lhe enviou informações detalhadas e instruções específicas sobre o assunto.
Vasconcelos escreveu em português e o uso desta linguagem pode explicar por que Nathan Mayer Rothschild prestou pouca atenção às cartas do Ministro. Ele acreditava claramente que desordem política e crise financeira resultariam do novo estado de coisas e, portanto, continuou pressionando os Conselhos do Tesouro local a fazer grandes remessas diretamente a ele. Suas cartas ao Ministro das Finanças do Brasil forneciam poucas informações sobre a quantidade de fundos que Rothschild mantinha em Londres, mas continham muitas exortações sobre a necessidade do Brasil cumprir seus compromissos internacionais. As cartas de Vasconcelos tornam patente sua impaciência e crescente raiva, tanto pelo tom quanto pelo conteúdo da correspondência de Rothschild. Nathan Mayer não deu atenção a esses sinais de perigo. No final de 1831, Vasconcelos entrou em ação. Em 24 de Dezembro, Samuel Phillips & Co. informou Rothschild:
“Devemos comunicar a você que, em uma Conferência que tivemos com o Ministro das Finanças, Sr. Vasconcelos, ele apresentou que se sentiu extremamente magoado por você não tratar bem o Ministro brasileiro, mesmo que se recusasse a aceitar seu projeto de lei por valores insignificantes. Isso o fez, somado aos seguintes motivos, suspender as transações do Governo com você e encontrar sua resolução fixa, caso não aceitássemos o mesmo para adotar alguma outra medida, achamos adequado aceitá-lo, também alegando [sic] a irregularidade de suas contas de envio e A/C, tanto que o Governo desconhece o estado real de seus fundos nas mãos dos Contratantes; parece que eles pretendem continuar pagando os Dividendos como de costume e que Ordens positivas foram enviadas a todas as Províncias para fazerem remessas e também se esforçar para fazer o mesmo a partir de agora”.
O que Samuel Phillips & Co. não especificou em sua carta a Nathan Mayer foi que, a partir de então, o Ministro das Finanças usaria Samuel & Phillips para administrar os fundos do Governo em Londres e vender diamantes, tinturas, algodão e outras mercadorias enviadas para Europa. A carta de 24 de Dezembro implica que a firma carioca não exerceu influência sobre Vasconcelos, mas simplesmente aceitou sua decisão, já que, de outra forma, escolheria outra firma de comerciantes para cuidar dos negócios do Governo em Londres. Um comerciante português, escrevendo no Rio em 12 de Janeiro de 1832, ofereceu uma interpretação muito diferente da situação, a do cuco no ninho:
“Como é que a empresa de Samuel Phillips, representada aqui por um bêbado que não sabe falar em nenhum idioma, não apenas serviu o ex-Imperador, recuperando para ele todas as propriedades que ele deseja, mas, como seu advogado, está exigindo grandes quantias do Estado?! E, com a abolição da Agência do Tesouro em Londres e a remoção da venda de diamantes e madeira do Brasil das mãos dos enviados em Londres, a empresa foi solicitada a vender esses produtos e também a atuar como Agente do Tesouro a partir de agora. Tudo isso é resultado de manter todos os dias a casa aberta, servir não mais do que meia dúzia de pratos e encontrar dinheiro com o qual fazer empréstimos a figuras públicas desejosas de fazer um show, mas sem a renda necessária para fazê-lo” [Nota de Roderick J. Barman: "Cartas de João Loureiro escriptas do Rio de Janeiro ao Conselheiro Manuel José da Costa e Sá," Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro tomo 76, parte II (1913), 392. Em 1831 o agente financeiro em Londresnão mais era o enviado brasileiro, como Loureiro assumiu, mas NM Rothschild.]
Dom Pedro II, seu neto, Pedro Augusto e sua esposa, Teresa Cristina - 1887
Em Abril de 1831, uma crise política forçou Pedro I a abdicar. Ele navegou para a Europa, deixando como imperador seu filho, então com 5 anos. Os opositores políticos de Pedro I assumiram o controle do Governo. A Samuel Phillips & Co. lucrou com essa mudança. Não apenas o imperador que partiu deu à firma sua procuração para administrar seus assuntos financeiros e pessoais no Brasil, mas a firma, tendo feito muitos favores aos políticos agora no cargo, possuía acesso aberto a eles. O político mais capaz e forte foi Diogo Pereira de Vasconcelos, nomeado Ministro das Finanças em Julho de 1831. Vasconcelos estava determinado a garantir que as finanças do Brasil fossem dali em diante administradas adequadamente e que fundos suficientes sempre estivessem depositados em Londres bem antes da data de vencimento para o pagamento de dividendos. Ele assim informou Rothschild e lhe enviou informações detalhadas e instruções específicas sobre o assunto.
Diogo Bernardo Pereira Vasconcelos, Ministro da Fazenda de 17 de Julho de 1831 a 4 de Agosto de 1832
Vasconcelos escreveu em português e o uso desta linguagem pode explicar por que Nathan Mayer Rothschild prestou pouca atenção às cartas do Ministro. Ele acreditava claramente que desordem política e crise financeira resultariam do novo estado de coisas e, portanto, continuou pressionando os Conselhos do Tesouro local a fazer grandes remessas diretamente a ele. Suas cartas ao Ministro das Finanças do Brasil forneciam poucas informações sobre a quantidade de fundos que Rothschild mantinha em Londres, mas continham muitas exortações sobre a necessidade do Brasil cumprir seus compromissos internacionais. As cartas de Vasconcelos tornam patente sua impaciência e crescente raiva, tanto pelo tom quanto pelo conteúdo da correspondência de Rothschild. Nathan Mayer não deu atenção a esses sinais de perigo. No final de 1831, Vasconcelos entrou em ação. Em 24 de Dezembro, Samuel Phillips & Co. informou Rothschild:
“Devemos comunicar a você que, em uma Conferência que tivemos com o Ministro das Finanças, Sr. Vasconcelos, ele apresentou que se sentiu extremamente magoado por você não tratar bem o Ministro brasileiro, mesmo que se recusasse a aceitar seu projeto de lei por valores insignificantes. Isso o fez, somado aos seguintes motivos, suspender as transações do Governo com você e encontrar sua resolução fixa, caso não aceitássemos o mesmo para adotar alguma outra medida, achamos adequado aceitá-lo, também alegando [sic] a irregularidade de suas contas de envio e A/C, tanto que o Governo desconhece o estado real de seus fundos nas mãos dos Contratantes; parece que eles pretendem continuar pagando os Dividendos como de costume e que Ordens positivas foram enviadas a todas as Províncias para fazerem remessas e também se esforçar para fazer o mesmo a partir de agora”.
O que Samuel Phillips & Co. não especificou em sua carta a Nathan Mayer foi que, a partir de então, o Ministro das Finanças usaria Samuel & Phillips para administrar os fundos do Governo em Londres e vender diamantes, tinturas, algodão e outras mercadorias enviadas para Europa. A carta de 24 de Dezembro implica que a firma carioca não exerceu influência sobre Vasconcelos, mas simplesmente aceitou sua decisão, já que, de outra forma, escolheria outra firma de comerciantes para cuidar dos negócios do Governo em Londres. Um comerciante português, escrevendo no Rio em 12 de Janeiro de 1832, ofereceu uma interpretação muito diferente da situação, a do cuco no ninho:
“Como é que a empresa de Samuel Phillips, representada aqui por um bêbado que não sabe falar em nenhum idioma, não apenas serviu o ex-Imperador, recuperando para ele todas as propriedades que ele deseja, mas, como seu advogado, está exigindo grandes quantias do Estado?! E, com a abolição da Agência do Tesouro em Londres e a remoção da venda de diamantes e madeira do Brasil das mãos dos enviados em Londres, a empresa foi solicitada a vender esses produtos e também a atuar como Agente do Tesouro a partir de agora. Tudo isso é resultado de manter todos os dias a casa aberta, servir não mais do que meia dúzia de pratos e encontrar dinheiro com o qual fazer empréstimos a figuras públicas desejosas de fazer um show, mas sem a renda necessária para fazê-lo” [Nota de Roderick J. Barman: "Cartas de João Loureiro escriptas do Rio de Janeiro ao Conselheiro Manuel José da Costa e Sá," Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro tomo 76, parte II (1913), 392. Em 1831 o agente financeiro em Londresnão mais era o enviado brasileiro, como Loureiro assumiu, mas NM Rothschild.]
Os Rothschilds estiveram envolvidos no desenvolvimento de ferrovias em todo o mundo e o Brasil não foi exceção. Já em 1858, eles emitiram seus primeiros empréstimos para empresas ferroviárias brasileiras, a Companhia Ferroviária da Bahia e San Francisco e a Companhia Ferroviária Don Pedro II, seguida pela Companhia Ferroviária de São Paulo em 1859. Outros empréstimos foram concedidos a essas empresas ao longo dos anos e a Ferrovia do Oeste de Minas foi acrescentada a esse número em 1893. As ferrovias abriram o interior do Brasil: os imigrantes entraram e a plantação de café se expandiu enormemente. O mapa mostrado aqui acompanhava um prospecto de empréstimo para a Companhia Ferroviária da Bahia e San Francisco, emitido em 1884 para arrecadar cerca de £ 300.000 para financiar um ramal. Os produtos - e potenciais produtos - do interior que podem ser trazidos para o porto da Bahia pela ferrovia são marcados no mapa.
É patente que Nathan Mayer Rothschild não acreditou e não pôde creditar como foi tratado. Ele escreveu com ira a Samuel Phillips & Co., o qual respondeu em 26 de Abril com uma suave punição:
“Temos que lamentar que não tenha lhe proporcionado satisfação nossa comunicação a respeito de nossa conferência com o Ministro das Finanças. Temos apenas como conclusão declarar que foi por insistência dele que passamos por cima de você [no original "we made it you"] e não temos nada para comentar. Não temos dúvida dos esforços feitos aqui, os dividendos foram pagos a você como sempre no dia 1º de Abril".
Ainda mais irritante para o orgulho de Rothschild deve ter sido a carta enviada por Samuel & Phillips, de Londres, em 31 de Agosto de 1832:
“Pedimos para informá-lo que na próxima 6ª-feira, 7 de Setembro, manteremos à sua disposição a soma de trinta e três mil setecentos e cinquenta libras, pela qual quantia de £ 33750, solicitamos que você nos entregue seu recibo em triplicado, declarando que sua aplicação esteja na conta dos Empréstimos Imperiais do Brasil para Dividendos com vencimento em 1º de Outubro seguinte”.
Rothschild agiu como se não tivesse sido suplantado. Ele continuou a assediar os Conselhos do Tesouro local para fazer remessas diretas a ele de sua cota de fundos para pagar os dividendos do empréstimo. Ele bombardeou sucessivos Ministros das Finanças com protestos, projetos e reclamações contra a conduta de Samuel & Phillips. As respostas dos Ministros, sempre corteses e atenciosas, foram inflexíveis. Nenhum deles consideraria reverter a decisão de Vasconcelos. Em meados de 1833, Rothschild havia percebido que o status de Samuel & Phillips como agente do Governo brasileiro em Londres era inexpugnável. Ele resolveu terminar o papel de Samuel Phillips & Co. como seu agente correspondente no Rio. Usando uma falha da parte do outro para cumprir suas instruções ao elaborar uma letra de câmbio, ele ordenou que entregasse os fundos substanciais que mantinha em seu nome à Leuzinger & Co. e à Finnie Brothers. "Não podemos deixar de ser sensíveis a essas mudanças", respondeu Samuel Phillips & Co, "e confiar que qualquer incidente de negócios não nos privará a honra de sua amizade que você teve o prazer de manter conosco como nos tempos passados". A carta está escrita à mão de Joshua Samuel, que cerca de 20 anos antes fazia parte do “círculo em volta da sua mesa hospitaleira”.
Cupons de obrigações emitidos sobre a segurança do café
Proteção contra incêndios em um armazém de café | O café foi o principal produto do Brasil, mas a quadruplicação da produção no Estado de São Paulo entre 1870 e 1900, estimulada em grande parte pelo crescimento das ferrovias [um dos investimentos da Família Rothschild], foi o início de décadas de problemas com excesso de oferta. Até 1930 [ano em que o BIS foi criado], os Governos federal e estadual responderam ao excesso de oferta tentando apoiar o preço do café por meio do armazenamento em pilhas. O Banco [NM Rothchild & Sons, New Court, City of London] era cético em relação a tais esquemas de "valorização", mas, no conselho telegráfico de Henry Lynch, em 1922, agente [do NM Rothchild & Sons] no Brasil, acabou achando que precisavam se envolver para não perder negócios para outras empresas: "Como você não favoreceu a política até o presente, atrevo-me a sugerir que continue sua política dependendo das eleições futuras, mas, em minha opinião, se o Governo Federal brasileiro presente, ou futuro, decidir sustentar a política contra o seu interesse em [não apoiar a política], não podemos deixar de pensar que outros irão fazer dinheiro devido a agentes financeiros que não apoiarem o governo quando o dinheiro do mercado permitir que outros o façam." Como resultado, o banco participou do empréstimo de 1922 para o Brasil destinado a ajudar a financiar o estoque de café. Com um empréstimo de £ 9.000.000 garantido em 3.000.000 de sacas de café, o governo teve que proteger essa mercadoria economicamente vital. Em 1924, como agentes do governo brasileiro, os Rothschilds buscavam seguro para o café, reunindo informações sobre proteção contra incêndios nos armazéns espalhados pelo estado de São Paulo.
Nathan Mayer Rothschild nunca, até o dia da sua morte, reconheceu que ele poderia ter sido responsável por perder a agência financeira. Em Abril de 1836, ele disse a um enviado especial do Governo brasileiro que “fora injusto com ele, talvez por causa das circunstâncias do momento, mas que ele não hesitaria agora em emprestar com a mesma boa vontade e liberalidade que demonstrou em tempos idos, desde que o Governo adotasse princípios sólidos, ou seja, se escrupulosamente cumprisse os contratos que faz, a única maneira de possuir crédito”. [Nota de Roderick J. Barman: "Projeto de carta do Marquês de Barbacena a Diogo Antônio Feijó, Rio, Junho de 1836, transcrito em Antonio Augusto de Aguiar, Vida do Marquez de Barbacena (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1896), pg 950. Conhecido como "General Brant" antes de receber seu título de nobreza, Barbacena havia sido um dos dois agentes brasileiros em Londres que negociaram o empréstimo de 1824 e 1825"]
Três meses depois, Nathan Mayer morreu em Frankfurt e com ele terminou qualquer elemento de animosidade pessoal, se tal existiu, contra Samuel & Phillips. Os presentes no funeral de Rothschild incluiram, como relatou o The Times, membros dos vários ramos da família Samuel. No Rio de Janeiro, Samuel Phillips & Co. continuou a prosperar. A grande conquista da empresa foi o lançamento bem-sucedido de um empréstimo do Governo brasileiro por £ 400.000 no mercado de Londres em 1839. O enviado britânico no Rio caracterizou a Samuel Phillips & Co no final de 1839 como “um grande judeu comercial, ou melhor, Casa Financeira [sic] em Londres e aqui, há muito tempo conectada com este Governo na maioria de suas operações”. Um mês antes, ele comentou: “a influência da Casa de Samuel e da Companhia é muito grande neste país e eles fazem uso sem escrúpulos do profundo conhecimento que possuem da venalidade dos representantes e servidores públicos brasileiros”.
Na realidade, a Samuel Phillips & Co. havia atingido seu apogeu. No final de 1839, James Samuel retornou permanentemente à Inglaterra, deixando a empresa sob a administração de seu sobrinho John Samuel. A evolução política no Brasil trouxe a substituição de Samuel & Phillips pela empresa Goldsmid, King e Thompson como agentes do governo em Londres. Essa mudança não parece ter afetado muito a sorte da empresa do Rio. John Samuel possuía excelentes conexões com a elite política e social do Brasil. De 1841 a 1843, Samuel Phillips & Co. serviu novamente como agente correspondente no Rio para a N M Rothschild & Sons. Finalmente, em 1851, após uma residência de um quarto de século no Brasil, John Samuel decidiu retornar à Inglaterra. Sem nenhum membro da família para sucedê-lo, ele colocou a empresa do Rio em liquidação.
Em Londres, Samuel & Phillips continuou seus negócios até a morte de Denis Moses Samuel, em Agosto de 1860. Após seu retorno, John Samuel - cuja sobrinha Juliana Cohen se casou com Mayer de Rothschild - era um visitante frequente de Mentmore, residência de Mayer em Buckinghamshire e ele às vezes almoçava com Lionel de Rothschild no clube da cidade de Londres, Old Broad Street. John Samuel pode ter desempenhado um papel na nomeação da N M Rothschild & Sons em 1855 como agentes do Governo brasileiro em Londres. Ele certamente usou as conexões de sua família para convencer a NM Rothschild & Sons a atuar como a casa emissora das ações das empresas ferroviárias brasileiras das quais ele era diretor.
A vida mais longa dos irmãos Samuel foi, paradoxalmente, Samuel Moses Samuel, o mais velho. Ele não morreu até 1873, aos 99 anos, deixando uma fortuna de £ 500.000. Nem o filho dele, George, nem os dois filhos de Denis Moses Samuel, Frank e Arthur, demonstraram o menor interesse no mundo do comércio e finanças. John Samuel, que nunca se casou, viveu até 1887. Até então, as duas firmas da Samuel Phillips & Co, do Rio de Janeiro e Samuel & Phillips, de Londres, não passavam de lembranças. Em contraste, NM Rothschild & Sons continuou a florescer como uma árvore de louro verde.
Henry Lynch (1878-1958) - não mencionado no documento aqui traduzido - foi representante da NM Rothschild & Sons, New Court, City of London, no Brasil de 1919 até sua aposentadoria em 1957. Palin, um funcionário do Banco em Londres, descreve Lynch em suas memórias Rothschild Relish (1970): "Esse grande personagem, membro de uma antiga família anglo-brasileira, era sócio de um negócio de importação e exportação, mas o mais importante para nós, ele era o agente e representante no Brasil da NM Rothschild & Sons, New Court, City of London. Ele era solteiro, alto, com uma compleição que se aprofundou durante os anos em que o conheci, (...) gostava de boa vida e ocupava uma posição única no Rio, onde às vezes dizia ser mais Embaixador Britânico do que o próprio Embaixador Britânico. Conhecendo e sendo conhecido nos círculos governamentais, políticos, financeiros, comerciais e sociais, ele sempre me pareceu extremamente bem preparado para o seu trabalho". Lynch se tornou indispensável para o Banco NM Rothschild & Sons e se dedicou à promoção dos interesses britânicos no Brasil. Ele enviou ao Banco informações e conselhos regulares e detalhados sobre questões comerciais, políticas e econômicas e foi um canal para os níveis mais altos do Governo Brasileiro. Seus arquivos de correspondência para os anos 1919-1940 discutem, entre outros, os empréstimos propostos; empréstimos sendo solicitados e emitidos em outro lugar; e desenvolvimentos no Banco do Brasil [do qual, hoje, a Família Rothschild é acionista]. Os arquivos de Henry Lynch podem ser encontrados na série de correspondências especiais do Arquivo [da Família Rothschild].
Acabo de assistir ao vídeo do prof. Loryel Rocha (IMUB) sugerido no artigo...Gente!!! Cada dia que passa tenho mais e mais certeza de que o mundo ao meu redor é uma imensa farsa...O homem fala de possíveis registros do Brasil já desde o século IX! Pense!!! E a gente na escola marca na prova 1500 e ainda tira 10 na prova...Rsrsrsrs!!!
ResponderExcluirOs portugueses já sabiam muito bem sobre a existência do Brasil quando Portugal foi criado no Séc XII. Aliás, chegar ao Brasil talvez fosse a principal razão de Portugal ter sido criado. Quando descobrimos os mapas de Piri Reis, ou Mercator, compreendemos como os portugueses já sabiam da existência da América.
ExcluirO Brasil já ´´nasceu`` na merda, inacreditável, acho que uma das nossas últimas opções pra pelo menos endireitar o mínimo, era o Nacionalista Enéas Carneiro, aliás poderia me passar as fontes?
ResponderExcluirAs fontes estão os links nas palavras em azul.
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