sábado, 24 de julho de 2021

Liberdade de organização


Um dos principais problemas nas relações entre o Estado e a população, é a pouca, ou nenhuma, liberdade que aquele dá a esta, de se organizar, entre si, do jeito que quiser, ao redor das coisas que lhe são vitais e ao redor, também, das coisas que não lhe são vitais, SEM PREJUDICAR TERCEIROS.

O Estado sempre aparece, sem ser convidado, para impor as regras que ele mesmo cria sobre como as coisas hão-de funcionar e sobre como as pessoas hão-de se relacionar, impedindo, assim, que estas tenham a liberdade de se organizar e de se relacionar, umas com as outras, do jeito que elas bem entenderem, ao redor das coisas que lhes são vitais e ao redor das coisas que não lhes são vitais, SEM PREJUDICAR TERCEIROS.

Além do Estado aparecer sem ser convidado, impõem as suas exigências com soberba, arrogância, cinismo, mentiras, ameaças, intimidação e violência. E as pessoas estão cansadas disso.

P.ex.: um senhor que planta legumes e limão, passa de bicicleta quase todos os dias na porta da minha casa, carregando e vendendo o fruto do seu trabalho. Se eu comprar alguma coisa a esse senhor, por que é que o Estado há-de vir meter-se no meio do nosso negócio, da nossa relação financeira, determinando regras e extorquindo, na forma de impostos, parte do dinheiro que o senhor recebe da minha mão como pagamento pelo fruto de um trabalho em que o Estado nem sequer participou? 

Ainda por cima, o Estado quer impôr a todos um excesso de regulamentações sobre a forma como os alimentos devem ser produzidos, armazenados, transportados, etc. - regulamentações estas que afogam o pequeno produtor/agricultor em burocracias caras e complicadas que o impedem de, ou dificultam imenso, a produção do seu trabalho, do jeito que ele entende ser bom para si e para os outros, proporcionando-lhe um bom relacionamento com os seus clientes.

Outro exemplo: maior parte de vocês, ou todos, os que estão lendo este texto: se escavarem um poço, aì, onde vocês moram e se organizarem com os seus vizinhos para distribuir a água entre vocês, organizados do jeito que vocês entenderem ser bom para vocês a captação, distribuição e manutenção da água e da infraestrutura, o Estado, mais cedo, ou mais tarde, irá bater-vos à porta sob a forma de fiscais, ou até mesmo de policiais, dizer que isso é proibido, que é ilegal e que vocês terão de parar com isso e obter a vossa água da empresa de águas e saneamento do vosso Município, a qual, em acordo com o Estado, monopolizou todo o processo de captação e distribuição de água da vossa região. 

Se você e seus vizinhos insistirem na continuidade da utilização de tal infraestrutura comunitária de captação e distribuição de água, multas, processos e até cacetetes irão bater em suas portas e cabeças até que, ou vocês desistam da independência comunitária em relação à água e passem a ser clientes do monopólio privado da vossa região, ou as suas vidas tenham sido completamente destruídas pelo próprio Estado.

Existe, porém, uma 3ª opção: uma massa crítica de pessoas tomarem conhecimento e consciência profundos disto que estou aqui demonstrando, se unirem e exigirem a liberdade de organização humana SEM PREJUDICAR TERCEIROS, sem risco de restrição, marginalização, ilegalização, criminalização e perseguição por parte do sistema.

Essencial e verdadeiramente, é por isto que a humanidade está, há demasiado tempo, lutando: pela liberdade de se organizar ao redor das coisas que lhe são vitais e também, das coisas que não são vitais, SEM PREJUDICAR TERCEIROS e sem correr o risco de ser marginalizada, ilegalizada, criminalizada e perseguida pelo sistema.

Foto: Franklin de Freitas

A condição limitante e humilhante para a qual o sistema guia cada uma das pessoas que nasce dentro dele, resulta na maior parte das pessoas trabalhando dentro do sistema, ou acomodada, submissa e obediente, por medo, ou por ignorância, ao escravagismo que lhe é imposto pelo Estado na forma de regras e mais regras e cada vez mais regras e limitações e impostos que apenas beneficiam quem é rico e/ou está no poder.

Conscientizemos que a opressão do Estado já dura há muito tempo e apesar de este tempo ser indeterminado, sabemos que é demasiado tempo.

Devido à profundidade do hipnotismo em que a humanidade se encontra, ou seja, devido à profundidade do controle mental da percepção da realidade, maior parte das pessoas não está preparada para, primeiramente, reconhecer que nasceu e vive dentro de uma prisão sistêmica e institucional e depois maior parte não está preparada para viver livre de se organizar entre si, do jeito que bem entender, SEM PREJUDICAR TERCEIROS, ao redor das coisas que lhe são vitais e ao redor das coisas que não lhe são vitais.

Imagine que, de repente, de um momento para o outro, o Estado, simplesmente, deixa as pessoas fazer o que quiserem e se organizarem do jeito que quiserem, SEM PREJUDICAR TERCEIROS, ao redor das coisas que lhes são vitais e ao redor também das coisas que não lhes são vitais, sem qualquer interferência daquele mesmo Estado.

Seria o caos.
Por quê? 

Por que é o pensamento que gera o movimento individual e coletivo e a maior parte das pessoas foi programada mentalmente para funcionar dentro da máquina de controle, fazer a máquina de controle funcionar, ser a máquina de controle e fazer esta existir.

Dentro de tal liberdade hipotética dada pelo Estado, umas pessoas seriam abusivas para com outras e maior parte tentaria recriar o mesmo sistema que lhe deu aquela liberdade, porque, nascidas, criadas, educadas e programadas mentalmente dentro e pelo próprio sistema de controle, sem outra possibilidade criativa fora dos limites de percepção impostos pelo sistema, recriariam aquilo, para o qual, foram programas para fazer, ser e pensar.

A percepção de escassez tem vindo a ser induzida na humanidade, há gerações, em uma Terra que nos fala de abundância: conte quantas sementes existem dentro dos frutos, estude agro-floresta e pergunta-se porque existe fome no mundo. 

Apercebendo que não há o suficiente para todos, cada pessoa passa a ver a outra pessoa como uma adversária a ser combatida na competição por aquilo que é insuficiente para todos.

As relações humanas ficam baseadas na competição e no conflito.  

Uma verdadeira melhoria da sociedade não virá através de modelos pré-fabricados, mas, sim, pelo despertar da memória em relação às Forças da Natureza para recuperar e manter a saúde, gerar energia e abundância e por uma profunda mudança interior, da qual, cada um de nós é o responsável de fazer, em si mesmo.

Um modelo civilizacional mais saudável, justo, sábio, em harmonia com a Natureza, só poderá advir do sentimento de União entre as pessoas: sem isso, será sempre guerra, conflito e divisão - e as guerras, os conflitos e as divisões, em sua grande maioria, são criadas pelo próprio sistema e não pelos pessoas que nelas combatem: as pessoas que combatem por obrigação, ou por convicção, apenas alimentam a violência que foi criada por outros.

"- A União entre as pessoas é uma ilusão, é impossível." - dirão uns. Sim, concordo: hoje, é impossível haver uma manifestação, em larga escala, de União entre as pessoas, mas, se não determinarmos no mapa geo-político e no jogo das Nações, o nosso destino, andaremos o tempo todo à deriva e perdidos em conflitos.

A criação de uma civilização muito mais justa, pacífica, saudável, sábia e em harmonia com a Natureza, começa na mente de cada um, no sentimento de cada um, na percepção de cada um, em seus atos, em suas escolhas: para tal, facilita se o indivíduo acessar a textos de inspirações mais elevadas: mesmo que, com estas, não concorde, é, por elas, puxado para o dinamismo criativo e analítico.

Por enquanto, ainda estamos na fase de conscientização de que, sim, nós podemos e devemos ter a liberdade de nos organizar do jeito que nós quisermos, SEM PREJUDICAR TERCEIROS e sem a interferência do Estado, ao redor das coisas que nos são vitais e ao redor, também, das coisas que não nos são vitais, sem sofrer com restrição, marginalização, ilegalização, criminalização e perseguição por parte do sistema.

Mais um pouco e chegaremos a uma massa crítica de pessoas exigindo que isto seja uma realidade.

Daniel Simões


3 comentários:

  1. Daniel Simões acredito que este momento esteja chegando e será uma realidade em breve. O mundo todo esta passando por grandes transformações e isto é muito bom. O importante é tornar a vida do cidadão simples e assim poderemos ocupar todo o planeta terra. Isto ira criar mercado e fluxo de capital. O Neoliberalismo esta morto e uma nova era esta começando.

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  2. Verdade. Iinfelizmente se não abri o olho o pequeno agricultor familiar terá de comprar sementes (modificadas) da Monsanto ou pagar royalties por plantar no seu quintal. O mundo não será dos perversos.

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  3. Bandidos que se comportam com o direito de " Pátrio Poder" sobre os indivíduos. E os mesmos indivíduos já doutrinados pelo sistema a extorquir de seus iguais . Comunidades já doutrinadas a serem submissas e orquestradas por alguém ou por algum grupo .

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