A digitalização do sistema financeiro está sendo um sucesso entre as populações das Américas, segundo o discurso de Alexandre Tombini, Representante Chefe do Escritório de Representação para as Américas, do Banco para Assentamentos Internacionais (BIS), intitulado: "Sistemas de pagamento nas Américas: o que alcançamos e o que ainda falta fazer?"...
... proferido no Seminário "Evolução dos meios de pagamento", do BIS, hospedado pelo Banco do México, (10.Set.2025).
Resumo do discurso
Em particular, os pagamentos digitais estão associados a um maior acesso a contas (Gráfico 1.A) e a empréstimos de instituições financeiras formais (Gráfico 1.B). Os pagamentos digitais também estão associados a uma menor parcela da força de trabalho informalmente empregada (Gráfico 1.C). Em uma pesquisa conduzida no Escritório do BIS para as Américas (Aguilar et al. (2024)), meus co-autores e eu constatamos que os pagamentos digitais podem até mesmo apoiar o crescimento e o desenvolvimento econômico, formalizando atividades informais² e melhorando o acesso ao crédito. Especificamente, constatamos que um aumento de 1% no uso de pagamentos digitais está associado a um aumento de 0,10% no crescimento do PIB per capita em um período de 2 anos e a uma queda de 0,06% na participação do emprego no setor informal.³
²O setor informal refere-se a atividades econômicas que não são registradas nas estatísticas oficiais. Isso geralmente inclui pequenas empresas que operam com dinheiro em espécie, sem contratos de trabalho formais.
³Os pagamentos digitais não parecem estar significativamente associados a aumentos na produtividade total dos fatores, uma vez controladas as medidas gerais de digitalização e eficácia governamental
O uso de pagamentos digitais está associado a um maior acesso a contas e crédito e a uma menor informalidade. | Gráfico 1 | A. Pagamentos digitais e acesso a contas estão positivamente correlacionados - Pagamentos digitais (% da população > 15 anos de idade) / Utilização de contas financeiras (% população > 15 anos de idade) | B. Pagamentos digitais também estão associados a um maior acesso ao crédito - Pagamentos digitais (% da população > 15 anos de idade) / Empréstimo de instituição financeira (% população > 15 anos de idade) | C. Pagamentos digitais estão associados a uma menor informalidade no trabalho - Pagamentos digitais (% da população > 15 anos de idade) / Trabalho informal (% população > 15 anos de idade) | Fontes: Aguilar et al (2024); Banco Mundial, Banco de Dados Global Findex; BIS.
Do digital aos pagamentos rápidos
Os pagamentos precisam ser não apenas digitais, mas também rápidos, baratos e convenientes. Como mostrarei em breve, houve um progresso significativo nesse sentido. Os sistemas de pagamento rápido permitem a disponibilidade quase imediata dos fundos finais para o beneficiário. Eles devem ser simples de usar, oferecendo maior conveniência em comparação com os instrumentos de pagamento convencionais. Atualmente, a maioria dos sistemas de pagamento rápido (FPS) permite que os usuários finais iniciem pagamentos digitalizando códigos de resposta rápida (QR). Muitos permitem o uso de pseudônimos, ou números de telefone celular do beneficiário, em vez dos números de conta e códigos bancários mais tradicionais. Os pagamentos rápidos também podem ser mais baratos para pessoas físicas e jurídicas, especialmente quando fornecidos pelo setor público, ou em colaboração com ele e com base na recuperação de custos. Os pagamentos rápidos são um potencial impulsionador fundamental para o acesso financeiro e têm servido como uma porta de entrada para uma inclusão financeira mais ampla, incluindo o acesso a empréstimos e poupanças. Pesquisas dos meus colegas Jose Aurazo, Cecilia Franco, Jon Frost e Jamere McIntosh (Aurazo et al (2025)) mostram que a introdução de um FPS está associada a um aumento de 3,9% na parcela da população que acessa empréstimos e a um aumento de 3,0% no acesso a contas poupança. Os FPS estão se tornando mais difundidos, inclusive nas Américas. Mais de 15 jurisdições na América Latina e no Caribe adotaram um FPS (Gráfico 3). Para citar alguns, o Banco do México lançou o SPEI para transações instantâneas de varejo, em 2004 e adicionou o CoDi (pagamentos por meio de códigos QR) e o DiMo (pagamentos por meio de números de telefone celular), em 2019 e 2023, respectivamente. Em 2020, o Banco Central do Brasil (BCB) lançou o Pix e o Peru lançou transferências imediatas ACH 24x7, enquanto a Argentina lançou o Transferências 3.0. Mais recentemente, o Banco Central da Colômbia introduziu o Bre-B para complementar iniciativas do setor privado.
Mais de 15 países na América Latina já implementaram um FPS | Gráfico 3 | Legenda: vermelho: FPS implementando; azul: planejado; amarelo: sem plano | O uso deste mapa não constitui, e não deve ser interpretado como constituindo, uma expressão de uma posição do BIS em relação ao status legal ou soberania de qualquer território ou suas autoridades, a delimitação de fronteiras e limites internacionais e/ou o nome e designação de qualquer território, cidade ou área. | Atualizado em Jul.2025. | Fontes: Aurazo et al (2025); CPMI; Banco Mundial; BIS.
Tais sistemas podem ser fornecidos pelo setor público, ou privado. Permitam-me focar nos sistemas de propriedade do banco central, como o Pix do Brasil, o SINPE Móvil da Costa Rica e o SPEI do México (junto com CoDi e DiMo). A adoção desses sistemas tem sido notável. Em Jul.2024, o Pix representava 43% das transações de pagamento sem dinheiro no Brasil, superando os cartões de crédito e débito, de acordo com o BCB (Gráfico 4.A). Na Costa Rica, as transações por meio do SINPE Móvil aumentaram de forma constante, atingindo 506 milhões, em 2023 (Gráfico 4.B). No México, o uso de SPEI, CoDi e DiMo cresceu significativamente desde a pandemia de Covid-19 e eles agora são os principais instrumentos de pagamento de varejo (Gráfico 4.C).
Os FPS estão ganhando participação de mercado rapidamente em um crescente mercado de pagamentos digitais¹ | Em milhões de transações | Gráfico 4 | A. Pix no Brasil; B. SINPE Móvil na Costa Rica; C. SPEI no México | ¹Número de transações para cada instrumento de pagamento, excluindo pagamentos recorrentes de serviços públicos. ²Inclui cheques. | Fonte: Aurazo et al (2025).
Permitam-me aprofundar um pouco mais o papel dos bancos centrais na implementação de seus FPS, enfatizando o caso do Brasil, meu país de origem. A base legal do Pix é a Lei 12.865 de 2013, que representou um marco na modernização dos pagamentos de varejo no Brasil e forneceu uma base para a inovação subsequente. Fortalecidos por essa legislação, o Conselho Monetário Nacional e o BCB introduziram um conjunto de regras que regem os arranjos de pagamento e as instituições de pagamento. Isso inclui a entrada de não bancos no mercado e a proibição de acordos bilaterais exclusivos entre bancos e empresas. Essas regras, aplicáveis a arranjos e instituições de pagamento, e agora parte do Sistema de Pagamentos Brasileiro, delineiam os papéis das instituições financeiras e das instituições de pagamento. O Pix permite que os usuários finais façam transações de contas correntes, poupança ou pré-pagas por meio de serviços bancários online ou aplicativos móveis. Os pagamentos podem ser iniciados usando códigos QR ou pseudônimos de destinatários, como endereços de e-mail ou números de telefone celular. Embora os pagamentos pessoa a pessoa (P2P) dominem, as transações pessoa a empresa (P2B) agora representam cerca de 40% da atividade total do Pix (Gráfico 5.A). Um dos fatores mais notáveis que impulsionam o sucesso do Pix é sua estrutura de custo zero ou baixo para os usuários finais. As transações iniciadas por pessoas físicas são gratuitas, enquanto as taxas para comerciantes são, em média, de apenas 0,22% – significativamente menores do que as taxas de cartões de crédito e débito.--FIM DA TRADUÇÃO PARCIAL
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