No curto discurso que o espanhol, Josep Burrell Fontelles, Alto Representante e Vice-Presidente da Comissão Europeia...
... proferiu na Conferência de Segurança de Munique 2022...
... diversas passagens merecem ser destacadas como revelações. Porém, para muitos, nada mais são do que confirmações do que tem vindo a ser apelidado ao longo dos anos como teorias da conspiração, ou, mais recentemente, de fake news. As elites bilionárias e os ocupantes das cadeiras-de-poder estão expondo as suas intenções de imperialismo global de forma cada vez mais clara e transparente. Afinal, só a revelando o modelo do Governo Mundial de controle tecnológico absoluto, poderão encontrar cada vez mais aliados nos mais variados setores das sociedades mundiais.
Conferência de Segurança de Munique, 20.Fev.2022
Declaração de abertura do HR/VP Josep Borrell
Comentários em itálico
NOTA: não defendemos qualquer país, ou ideologia: apenas fazemos uma análise o mais
Sobre o poder da linguagem: o que fazer quando Rússia e China tentam redefinir termos
Tenho certeza de que vamos discutir todos os tipos de urgências e o que a Europa pode fazer: sobre a Ucrânia, o Sahel, a Bósnia, ou as negociações nucleares do Irã. Compartilhando este painel com os Ministros da Defesa, estou certo de que também discutiremos a Bússola Estratégica, as relações UE-OTAN etc.
Mas deixe-me, antes de começarmos a falar sobre questões tão concretas, diminuir o zoom. E compartilhar minha perspectiva sobre um grande desafio ideológico que estamos enfrentando. – Trinta anos após o fim da Guerra Fria, enfrentamos um esforço determinado para redefinir os princípios centrais da ordem multilateral.
Existem princípios-base para uma ordem mundial.
O resultado desta guerra decidirá se o “acervo” multilateral do pós-guerra sobrevive, centrado na ONU, no direito internacional e nos direitos universais.
Existe um poder mundial centralizado na ONU, em um direito internacional e em direitos universais que se sobrepõem à soberania nacional, logo, às suas Constituições e à auto-determinação dos países e indivíduos. O guia desta centralização de poder é a Agenda 2030, integrada na Agenda 21.
Ou se isso será substituído por uma ordem multipolar baseada no poder, com zonas de influência e uma abordagem relativista dos direitos humanos.
O que ele chama de "ordem multipolar" é, afinal, a soberania de cada país.
Hoje em dia todo mundo fala sobre a batalha de narrativas. Há dois anos, fui criticado quando usei o termo logo no início da pandemia – e não apenas por Pequim. O que começou como uma batalha sobre qual modelo era o melhor para combater a pandemia se transformou em uma batalha sobre a própria natureza da ordem internacional.
Mas, considerando a sincronia com que medidas exatamente iguais foram aplicadas, rápida e simultaneamente, em maior parte dos países do mundo (lockdowns, máscaras, distanciamentos e autorização para uso emergencial de substâncias genéticas experimentais), a ordem internacional está muito bem organizada, imposta e enraizada nos Governos e instituições nacionais.
A declaração conjunta Rússia-China de 4 de fevereiro é o culminar de uma longa campanha. É um ato de desafio. É claro: manifesto revisionista. Um manifesto para rever a ordem mundial.
Então, verdadeiramente, existe uma ordem mundial, uma nova ordem mundial, a qual, como já estudamos e comprovamos, podemos dizer que se iniciou, com mais intensidade, após a 2ª Guerra Mundial, com a Conferência de Bretton Woods e com a criação da ONU, do Banco Mundial, do FMI e do Estado de Israel - apesar de já sabermos que esta nova ordem teve a sua origem, pelo menos, no início do Séc. XVIII, tendo marcos posteriores a este século, tais como a criação da Reserva Federal Americana (1913) e criação do Banco para Assentamentos Internacionais (BIS-1930), o Banco Central dos Bancos Centrais.
Vale a pena ler com atenção. Uma passagem marcante afirma que “Rússia e China se opõem às tentativas de forças externas de minar a segurança e a estabilidade em suas regiões adjacentes comuns”.
Isto é puro teatro-discursivo: todos estão de mãos-dadas na instauração de um novo modelo civilizacional mundial de controle tecnológico absoluto e redução populacional, como já demonstramos em artigos, tais como...
15.Out.2020
03.Mar.2021
... e na série de artigos sobre a China.
A carta da ONU começa com “Nós, os povos” e o Artigo 1 define “o princípio da igualdade de direitos e autodeterminação dos povos”.
Isto é um paradoxo imenso: ou existe a "auto-determinação dos povos", ou existem "princípios centrais de ordem multilateral (...) centrado na ONU, no direito internacional e nos direitos universais". A soberania nacional e a auto-determinação dos povos e indivíduos não conseguem existir simultaneamente a uma ordem mundial. Todo este discurso é pura demagogia.
Mas para a Rússia e a China, os estados são soberanos, não as pessoas. Então, eles se comprometem a 'combater a interferência de forças externas nos assuntos internos de países soberanos e se opor às revoluções coloridas'.
Numa ordem mundial, nem os Estados, nem as pessoas, são soberanos, mas submissos a um poder mundial centralizado. Por outro lado, como vimos nos artigos atrás mencionados, as "interferências de forças externas nos assuntos internos" da China e da Rússia já acontece há imenso tempo através dos trilionários financiamentos das corporações financeiras e dos G-SIBs (bancos globais grandes demais para falir). Camadas de mentiras em cima de camadas de mentiras.
A redefinição da democracia é um ponto importante em seu impulso revisionista. Eles falam sobre a “genuína democracia”. Acrescentar adjetivos qualificativos nos lembra dos tempos soviéticos, quando os regimes comunistas falavam de “democracia popular” ou “democracias orgânicas” na Espanha de Franco.
A democracia está dando errado em todos os países do mundo, como podemos constatar nos cenários de cada país: candidatos aparentemente opostos são financiados pelos mesmos poderes e interesses em prol da instauração do modelo civilizacional de controle tecnológico absoluto da nova ordem mundial, onde os Bancos Centrais são tentáculos do BIS e independentes de Estados transformados em Corporações.
A democracia, dizem eles, deve ser implementada “para se adequar às condições nacionais”. E nos dizem que "China e Rússia, como grandes países com longa história e cultura, têm profundas tradições de democracia enraizadas em milhares de anos de experiência de desenvolvimento." A Rússia afirma ter milhares de anos de experiência no desenvolvimento da democracia.
Mas, os modelos civilizacionais adotados em cada país não deveriam estar de acordo com a auto-determinação dos povos e soberania nacional? Mais uma vez, o paradoxo evidente: ou existe soberania e auto-determinação, ou existe um modelo único mundial.
Quando o presidente Biden organizou sua Cúpula pela democracia em dezembro passado, a China divulgou um livro branco com um título revelador: “China: democracia que funciona”. Argumentou que o critério final para julgar uma democracia era “se ela produz resultados”. Portanto, não se é baseado no consentimento do povo expresso em eleições livres, mas pelo resultado que eles entregam.
Os resultados, como vimos nos artigos acima, advém do investimento de +US$ 4 Trilhões na China, por parte do sistema financeiro internacional, desde o início do Séc. XXI. Para o público transparece um braço-de-ferro, quando, na verdade, acontece cooperação internacional para que a China seja a nova face dos mesmos antigos poderes financeiros internacionais. Sobre este aspeto, comentaremos menos a partir daqui para não entrar em repetição.
Acho que essa não é uma discussão semântica, mas política. Podemos ver todos os dias como nas organizações multilaterais há uma batalha pela universalidade dos direitos humanos.
Temos vindo a ver como isso acontece aqui no Brasil, através dos levantamentos dos financiamentos bilionários de fundações internacionais em instituições brasileiras.
Potências autoritárias – e não apenas Rússia e China – buscam relativizar a noção de direitos individuais, submetendo-os a limitações locais e culturalmente determinadas.
Outra linha de frente é a batalha por padrões, estabelecidos na ONU e em outros fóruns, sobre novas tecnologias, como dados, ou software de vigilância. É de vital importância que esses padrões continuem a refletir valores universais. Não é exagero dizer que quem dita as regras, governará o mundo.
Então, alguém governará o mundo: é esse o objetivo!
E para os europeus que gostam de falar sobre o “efeito Bruxelas”, eu digo que não seremos líderes no estabelecimento de padrões tecnológicos amanhã se não formos líderes no desenvolvimento de tecnologia hoje. E temos que estar atentos para não perder essa liderança.
A muito discutida tentativa russa de redefinir a ordem de segurança europeia é outra frente nesta batalha. Esta é uma linha de frente séria que estamos enfrentando.
A verdadeira questão é o que fazer na frente deles? Eu vejo três faixas:
1. Temos que nos preparar para o longo prazo e estar prontos para ver que “o técnico e o legal é o político”. Portanto, quando dizemos que queremos defender o sistema da ONU, o acervo da OSCE e a universalidade dos direitos humanos, devemos entender que tudo isso começa com a definição dos termos e a defesa de seu significado.
2. Devemos perceber que os principais alvos não são os governos, ou públicos ocidentais, mas aqueles em “estados oscilantes”: ou seja, governos e públicos na África, Sudeste Asiático, América Latina e Oriente Médio. Não se trata de “defender o Ocidente”, mas de defender princípios compartilhados que sustentam a segurança comum e promovem objetivos coletivos.
Os objetivos coletivos são os 17 Objetivos da Agenda 2030 da ONU, integrados na Agenda 21.
E a grande questão é que tipo de modelo seguirá esses ‘swing states’, que hoje hesitam entre seguir o sistema democrático, nosso sistema ou um mais autoritário. Porque eles estão sendo prometidos que eles vão obter melhores resultados. A mensagem da democracia é uma mensagem que ressoa globalmente. Olhe para o Afrobarometer mostra que a grande maioria (70%) quer democracia multipartidária, também – não, especialmente – em países autoritários. Precisamos aproveitar esse amplo reservatório de apoio à Democracia e trabalhar com eles.
3. Precisamos evitar olhar defensivo, ou olhar para trás.
Não devemos fazer revisionismos da história? Não devemos compreender melhor o que significaram, realmente, a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais? Não devemos nos interrogar, p.ex., por que em cerca de 5.500 anos de história, é proibido colocar em causa a narrativa oficial em um período de cerca de 10 anos: a versão oficial do holocausto judeu (oficialmente, 6 milhões de mortos)? Seguindo essa lógica, por que é permitido por lei colocar em causa, p.ex., o holomodor (genocídio ucraniano que dizimou cerca de 10 milhões de pessoas em 1 ano)?
Aliás, Rússia e China são os que querem voltar, ao século 19, à luta dos impérios.
Mas, então, por que a China recebeu tamanhos financiamentos e está servindo, hoje, de laboratório para o modelo civilizacional que os poderes ocidentais desejam implantar em seus territórios nacionais-corporativos?
E a Rússia e a China se tornando cada vez mais assertivas, dispostas a restaurar os velhos impérios que foram no passado.
E de onde surge a riqueza para esses países estarem conseguindo realizar tal proeza?
Avançamos com o século 21 - com as lições que aprendemos no século 20. Essa é a perspectiva real de nossa luta em segurança e defesa.
Em conclusão, a ONU e o sistema multilateral mais amplo têm duas vertentes: a igualdade fundamental dos Estados mais o reconhecimento de sua soberania e a busca de objetivos comuns com o reconhecimento dos direitos de todos os seres humanos.
Mas se os Estados passam a ser fundamentalmente iguais, como conseguem manter as suas soberanias?
Se você tirar essa segunda etapa e só der uma olhada na primeira, só restará a soberania do Estado.
Ou seja, eles não desejam a real soberania dos Estados. A consequência disso podemos ver no ;brasil: um país saqueado de forma legal pelas corporações internacionais, graças às regulamentações internacionais impostas no país - como, p.ex., papéis podres, ou as regulamentações do BIS aplicadas através do Banco Central do Brasil - o qual, dever-se-ia chamar de Banco Central do BIS no Brasil.
E isso significaria tirar o progresso que fizemos nos últimos 75 anos. É por isso que devemos resistir a esse impulso revisionista russo-chinês de redefinir os termos. Em suma, sim, devemos falar a linguagem do poder como você me ouviu dizer antes, mas também estar atento ao poder da linguagem.
-- FIM DA TRADUÇÃO E COMENTÁRIOS
Parabéns, Daniel Simôes! A verdade é um bem precioso e delicado, destinada à guarda de mãos responsáveis como as suas.
ResponderExcluirTerrível pesadelo para a humanidade.
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