"A implementação da CID-11 [contendo registro de não-injetados com substâncias genéticas experimentais (Covid-19)] no Brasil será um grande desafio." - é o que diz a RSP (Revista de Saúde Pública) da Universidade de São Paulo.
Classificação Internacional das Doenças - 11ª revisão:
da concepção à implementação
Recebido: 08.Out.2019
Aprovado: 24.Jan.2020
Publicado: 06.Nov.2020
(...)
A CID serve de base para identificar tendências estatísticas de saúde em todo o mundo. Como principal ferramenta de codificação dos agravos de mortalidade e morbidade, ela pode nortear políticas que visam mudanças concretas e impactantes no contexto da saúde pública.
Implementação da CID-11
A implantação de um sistema de codificação complexo e abrangente de classificação de doenças demanda grande atenção, dados os obstáculos naturais. Segundo a OMS, a transição da CID-10 para a CID-11 deve durar de 2 a 3 anos, podendo despender um tempo ainda maior em localidades com déficit tecnológico ou de logística. Os países que se reportam à OMS devem fazer essa transição de forma paulatina, continuada e concomitante com a utilização da CID-10. A implementação da CID-11 no Brasil será um grande desafio. O aspecto desfavorável inicial é o idioma. O português não é língua oficial para a OMS, e o processo de tradução, adaptação, revisão e implementação na nova língua é um dificultador importante, que demandará tempo.
Outro agravante são os projetos que estão em desenvolvimento e têm o CID-10 como base de apoio – Global Burden of Disease from Institute for Health Metrics and Evaluation (GBD/IHME); Painel de Monitoramento da Mortalidade por Causas Básicas Inespecíficas ou Incompletas (Garbage Codes); Análise de Causas de Morte (Nacional) para Ação (Anaconda); e Sistema para Codificação Automatizada de Causas de Morte e Seleção da Causa Básica de Morte (Iris).
Porém, é fundamental entender que o principal desafio está no estabelecimento de medidas que mudem o entendimento dos usuários da CID. Um sistema tão consistente e complexo de classificação não pode ser visto como um documento puramente descritor e burocrático de condições de morbidade e mortalidade. A classificação precisa ser definitivamente consolidada na prática de saúde como uma ação estratégica capaz de definir rumos para todo o sistema assistencial e preventivo.
Desde 2017, vários países – como Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda do Norte, Japão, Alemanha e Austrália – têm participado de testes formativos para o desenvolvimento da CID-11. Após a apresentação à Assembleia Mundial da Saúde em Mai.2019, a CID-11 foi indicada para adoção. Nos 194 Estados-membros da OMS, ela substituirá as revisões anteriores a partir de 01.Jan.2022.
Pela primeira vez, os países das Américas, por meio da Organização Pan-Americana da Saúde, tiveram a oportunidade de participar dos estágios iniciais de desenvolvimento de uma nova classificação. Além da colaboração de conteúdo, a participação consistiu também na tradução da CID-11 para o espanhol e testes-piloto em inglês e espanhol. Nesse ínterim, no estudo de requisitos para a transição à nova versão da CID, também foram identificados os principais problemas, como falta de recursos humanos e financeiros, número insuficiente de codificadores treinados, alta rotatividade da equipe de informações, déficits ocasionais de infraestrutura de tecnologia da informação e necessidade de ampla divulgação.
A dimensão e a influência da implantação efetiva da CID-11 em países em desenvolvimento ainda não foram mensuradas. Os países de baixa e média renda respondem por um volume significativo de doenças, ao mesmo tempo em que têm sistemas com verbas limitadas para tratamento, prevenção e coleta de informações para o planejamento em saúde. Nesses países, o estabelecimento concreto da CID-11 pode facilitar a coleta de informações assistenciais e, consequentemente, gerar modelos de decisão em saúde mais bem fundamentados.
-- FIM DA TRANSCRIÇÃO
Nenhum comentário:
Postar um comentário