Na Conferência de Londres sobre Ouro Nazista, organizada pelo Escritório de Relações Exteriores e da Commonwealth do Reino Unido de 02 a 04.Dez.1997, decidiu-se compilar um Guia Internacional de fontes arquivísticas sobre ouro nazista e questões relacionadas. Em um seminário de planejamento para a Conferência de Washington sobre Ativos da Era do Holocausto, realizado em Washington em 29.Jun.1998, foi adotada a proposta de que cada contribuição para o Guia Internacional fosse publicada eletronicamente em sites nacionais ou institucionais. Em conformidade com esta proposta, o Banco de Compensações Internacionais preparou o presente auxílio para encontrar fontes no Arquivo Histórico do BIS sobre as atividades do Banco durante a guerra em geral e sobre a questão do ouro nazista em particular.
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Informações mantidas no Arquivo do BIS
sobre ouro saqueado pela Alemanha nazista
durante a Segunda Guerra Mundial
Basileia - Setembro 1998 - ORIGINAL
A visão geral a seguir, lista, por número de classificação, uma seleção de arquivos e registros mantidos no Arquivo do BIS que são mais relevantes para o estudo das transações financeiras internacionais durante a 2ª Guerra Mundial em geral e a questão do ouro saqueado pela Alemanha nazista, em particular:
Grupo de Registros 1: Organização e Gestão do BIS
1.3(4) – Relatório sobre as Operações do BIS, Nov.1939 – Nov.1946.
1.3(5) – Política Bancária do BIS durante a 2ª Guerra Mundial.
1.19b – Política Bancária do BIS: Operações com Ouro, Out.1930 – Dez.1967.
1.19c – Política Bancária do BIS durante a 2ª Guerra Mundial (Art. X do Acordo de Haia).
1.19d – Bancos Centrais dos Estados Bálticos: Depósitos de Ouro / Créditos de nacionais do Báltico, 1940–67.
Grupo de registros 2: Bancos (arquivos de clientes dos bancos centrais membros do BIS)
Os arquivos de clientes do Sistema Bancério do BIS geralmente consistem em um chamado arquivo de política e um arquivo de rotina. O arquivo da apólice contém toda a correspondência relevante trocada com o cliente em questão, bem como os documentos da apólice que discutem as relações comerciais com esse cliente. Esses arquivos de política são preservados permanentemente. Os arquivos de rotina contêm todos os registros de rotina que documentam as transações bancárias regulares realizadas entre o BIS e o cliente em questão: boletos bancários, confirmações de transações, extratos de conta. De acordo com a prática de arquivamento eficiente e com os requisitos legais suíços, esses documentos de rotina são geralmente destruídos após 10 anos. Uma exceção a essa regra geral foi feita, no entanto, no caso dos arquivos de rotina do Reichsbank [Banco do Reino, o banco central da Alemanha, que hoje se chama Bundesbank, ou Banco Federal] e dos bancos centrais dos 3 estados bálticos.
O relacionamento bancário do BIS com suas principais contrapartes do banco central durante o período de 1939-45 está documentado nos seguintes arquivos:
2.1 – Banco Reserva Federal de Nova York, Nova York.
2.2 – Banco da Inglaterra, Londres.
2.3 – Banco da França, Paris.
2.4 – Banco do Reino da Alemanha, Berlim.
2.5 – Banco da Itália, Roma.
2.6 – Banco Nacional da Bélgica, Bruxelas.
2.10 – Banco Nacional da Jugoslávia, Belgrado.
2.11 – Banco Nacional da Suécia, Estocolmo.
2.12 – Banco da Letônia, Riga.
2.14 – Banco Nacional da Suíça, Berna.
2.20 – Banco da Estônia, Tallinn.
2.21 – Banco dos Países Baixos/Holanda, Amsterdã.
2.22 – Banco Nacional da Checoslováquia, Praga.
2.27 – Banco de Gdansk, Danzig.
2h32 – Banco Nacional da Hungria, Budapeste.
2.37 – Banco Nacional da Dinamarca, Copenhagen.
2h40 – Banco Nacional da Romênia, Bucareste.
2.44 – Banco de Portugal, Lisboa.
2h45 – Banco de Descontos em Ouro da Alemanha, Berlim.
2.57 – Banco Central da República da Turquia, Istambul.
2.76 – Banco da Noruega, Oslo.
2.77 – Banco da Lituânia, Vilnius.
2.81 – Banco de Espanha, Madrid.
2.87 – Banco da Albânia, Tirana.
2.90 – Banco Central da República da Turquia, Ancara.
2.101 – Banco Central da República Argentina, Buenos Aires.
2.120 – Banco Central do Brasil, Brasília.
Grupo de registros 7: Histórico do BIS
7.18(5) – Papéis pessoais Paul Hechler [nazi] (gerente geral assistente do BIS, 1935-1945): contém i.a. A correspondência de Hechler com o Banco do Reino da Alemanha e arquivos temáticos sobre temas variados, como o caso do ouro checo (Mar.1939), os estados bálticos, ou o reembolso de investimentos do BIS na Itália.
7.18(6) – Documentos pessoais Roger Auboin (Gerente Geral do BIS, 1938-1958): contém i.a. A correspondência de Auboin com o governador do Banco da França, bem como tabelas que mostram a movimentação do ouro na conta do BIS (Dez.1937 a Dez.1946) e um arquivo temático sobre a investigação do pós-guerra sobre a origem do ouro recebido pelo BIS do Banco do Reino da Alemanha.
7.18(7) – Papéis pessoais Thomas McKittrick (Presidente do BIS, 1940-1946): esses papéis estão preservados na Universidade de Harvard, Biblioteca Baker, Coleções Históricas, Boston, EUA – uma cópia em microfilme está disponível para consulta no BIS, contendo I a. Correspondência privada e comercial de McKittrick, bem como arquivos temáticos sobre a administração do BIS durante o período de 1940-1946.
7.18(8) – Documentos pessoais Georges Royot (Gerente Adjunto do Departamento Bancário do BIS, 1930-1966): contém arquivos cronológicos e temáticos sobre a administração e atividade comercial do BIS durante o período 1930-1966.
7.19(4) – Questões específicas: Ouro saqueado: trata-se de um arquivo do pós-guerra compilado principalmente entre 1945 e 1948 – documentando a investigação sobre a origem do ouro recebido pelo BIS do Banco do Reino durante a guerra. Esta investigação, conduzida em nome da Comissão Tripartida do Ouro, identificou 3,7 toneladas de ouro recebidas pelo BIS como parte do ouro saqueado pelos alemães dos bancos centrais belga e holandês. Estas 3,7 toneladas foram posteriormente restituídas integralmente pelo BIS ao TGC, ao abrigo de um acordo assinado em Washington, a 13.Mai.1948.
Registros Gerais: Departamento Bancário e Seção de Contabilidade
• Lista de barras de ouro recebidas do Banco do Reino durante a 2ª Guerra Mundial.
• Departamento Bancário, Livros de Contratos, 1931-1949 (registro cronológico de todas as transações bancárias realizadas pelo Departamento Bancário do BIS).
• Departamento Bancário, Currículos Semanais, 1938-1949 (extratos semanais de transações bancárias).
• Contabilidade, Cadastro de Ouro, Contas Encerradas (ouro em poder do BIS, por depositante e localidade).
• Contabilidade, Ouro destinado aos bancos centrais, Contas totais 1935-1950 (razão).
• Contabilidade, extratos mensais 1930-1950 (balanço do BIS no final do mês).
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BIS/PC/Set.1998
BIS/EA revisado/Ago.2001
-- FIM DA TRADUÇÃO
História - o BIS durante a Segunda Guerra Mundial (1939-48)
O antigo Grand Hotel em Château d'Oex, Suíça. De Mai.1940 a Out.1940, o BIS mudou-se temporariamente para este hotel, de acordo com o plano das autoridades suíças de evacuar as regiões fronteiriças expostas em caso de conflito armado.
Atividade empresarial em declínio e neutralidade controversa
No final da década de 1930, a cooperação internacional efetiva tornou-se mais difícil por causa das crescentes tensões políticas e militares. Durante este período, o BIS foi fundamental no transporte de ouro da Europa para a segurança de Nova York, principalmente em nome dos bancos centrais europeus (mais de 140 toneladas de ouro foram transportadas entre Jun.1938 e Jun.1940). Com a declaração de guerra entre a Alemanha, de um lado, e a França e o Reino Unido, de outro, em Set.1939, não foi mais possível que representantes desses países beligerantes participassem das reuniões do BIS. Os membros do conselho, no entanto, estavam convencidos de que o BIS deveria ser mantido vivo para ajudar na reconstrução financeira e monetária após a guerra. A última reunião pré-guerra do Conselho de Administração ocorreu em Basel, em Jun.1939. Depois disso, outras reuniões do Conselho foram suspensas durante a guerra.
Em Dez.1939, o BIS distribuiu aos bancos centrais membros uma declaração de conduta neutra durante a guerra.
O BIS adotou uma declaração de neutralidade excluindo operações bancárias que poderiam beneficiar uma parte beligerante em detrimento de outra, mas decidiu manter seus serviços bancários para auxiliar os bancos centrais e cumprir as próprias obrigações do Banco na medida em que fosse consistente com a neutralidade. A posição precária do Banco - tendo em seu Conselho representantes de bancos centrais de países em guerra entre si, bem como de países neutros, e sem comunicação direta com muitos de seus membros - deu origem a uma série de decisões difíceis. O mais polêmico deles data de antes da guerra, quando, em Mar.1939, o BIS decidiu honrar uma ordem recebida do Banco Nacional da Tchecoslováquia para transferir parte de suas reservas de ouro mantidas em uma conta do BIS no Banco da Inglaterra em Londres para uma conta no Banco do Reino da Alemanha. A ordem de transferência foi emitida dias depois que as tropas alemãs ocuparam Praga - como mais tarde veio a público, sob coação.
A partir de 1940, o volume das operações bancárias do BIS declinou rapidamente. No entanto, durante a guerra, o BIS continuou a receber pagamentos de juros do Banco do Reino da Alemanha em relação aos investimentos que o BIS havia feito em títulos alemães, em 1930-31. A maior parte desses pagamentos de juros foi feita em ouro.
O legado da guerra
Investigações após a guerra revelaram que o Banco do Reino havia usado grandes quantidades de ouro roubado de bancos centrais nos territórios ocupados para fazer pagamentos durante a guerra a várias instituições, incluindo o Banco Nacional Suíço e o BIS. Este ouro foi refundido na casa da moeda prussiana para esconder sua origem. Desta forma, durante a guerra, o BIS recebeu 3,7 toneladas de ouro do Banco do Reino que, conforme consta dos registros alemães capturados após a guerra, haviam sido originalmente saqueados dos bancos centrais da Bélgica e da Holanda. O BIS cooperou totalmente com as investigações do pós-guerra lideradas pela Comissão Tripartida Aliada para a Restituição do Ouro Monetário e devolveu 3,7 toneladas de ouro à Comissão, em 1948.
O presidente do BIS, Thomas McKittrick (1940-46), um cidadão americano residente em Basel durante a guerra
Em Jul.1944, uma conferência das Nações Unidas se reuniu em Bretton Woods, nos Estados Unidos, para discutir o sistema monetário internacional do pós-guerra. A Conferência de Bretton Woods adotou uma resolução pedindo a abolição do BIS "o mais cedo possível", porque considerou que o BIS não teria nenhum papel útil a desempenhar uma vez que o recém-criado Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional estivessem operacionais. Os banqueiros centrais europeus tinham uma opinião diferente e fizeram lobby com sucesso para manter o BIS. No início de 1948, a resolução de liquidação do BIS foi posta de lado. Ficou entendido que doravante o BIS se concentraria principalmente em questões monetárias e financeiras europeias.
-- FIM DA TRADUÇÃO
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